Resumos

Biologia - Reino Protoctista

18/05/2012 21:56

 

Algas

 

  • São organismos eucarióticos fotossintetizantes. Vivem no mar, em lagos, em rios ou em superfícies úmidas. Grande parte das algas é unicelular, mas há diversas espécies multicelulares. O corpo de uma alga é um talo, ou seja, não possui raiz, caule ou folha, mesmo que seja gigante.
  • Muitas são invisíveis a olho nu e vivem junto à superfície de mares e lagos, constituindo, juntamente com bactérias fotossintetizantes, o fitoplâncton, que é a base de sustentação das cadeias alimentares nesses ecossistemas. Elas consomem o gás oxigênio dissolvido na água para a sua respiração e liberam através do processo fotossintético cerca de 90% do oxigênio contido na atmosfera. Recebendo, portanto, a denominação de pulmão do mundo.
  • As algas costumam ser distribuídas em seis grupos, sendo uma metade deles unicelular e a outra, multicelular. As características utilizadas como base para essa classificação são principalmente os tipos de pigmentos presentes nos cloroplastos, os tipos de substância de reserva e a composição da parede celular.

 

  • Unicelulares:

 

Crisófitas (algas douradas): diatomáceas, possuem carapaça silicosa; armazenam óleo; carotenos e xantofilas são os pigmentos predominantes.

Euglenófitas: sem parede celular; apresentam dois flagelos, um curto e outro longo, usado para locomoção; a cor verde deve-se a presença de muitos cloroplastos, mas podem haver espécies com hábito heterotrófico; presença de vacúolo contrátil; armazenam paramilo; a clorofila é o pigmento predominante.

Pirrofitas: a parede celular, quando presente, é de celulose; armazenam amido e óleo; os pigmentos predominantes são os carotenos e xantofilas; são dinoflageladas, possuem dois flagelos; podem apresentar bioluminescência; este grupo possuem espécies que vivem em relação mutualista com corais, as zooxantelas; algumas são responsáveis pelo fenômeno da maré vermelha, causado pela multiplicação exagerada dessas algas perto do litoral, são liberadas substâncias tóxicas que causam a morte de peixes e de outros animais.

 

  • Multicelulares:

 

Clorófitas (algas verdes): possuem parede celular de celulose; armazenam amido; seus pigmentos predominantes são as clorofilas a e b.

Feófitas (algas pardas): possuem ramificações e seu tamanho pode chegar a 60 metros; a parede celular é composta de celulose e algina; armazenam laminarina e óleos; o pigmento predominante é a fucoxantina.

Rodófitas (algas vermelhas): apresenta talo ramificado; o pigmento predominante é a ficoeritrina; armazenam amido das florídeas; possuem parede celular de celulose, ágar e carragenina.

 

·                    Reprodução das Algas

 

  • O processo básico de reprodução das algas unicelulares é assexuado, por divisão binária; a célula divide-se por mitose, originando dois novos indivíduos. Em muitas algas filamentosas, ocorre reprodução por fragmentação dos talos; os fragmentos resultantes crescem pela multiplicação de suas células.
  • Na esporulação ocorre a produção de esporos (células com envoltório resistente) que são liberados no ambiente e quando encontram condições favoráveis se fixam, dando origem a novos indivíduos. Existe também a zoosporia, meio de reprodução assexuada em que as algas sofrem divisões em determinado ponto, produzindo células flageladas chamadas zoosporos.
  • Dentre os processos sexuais diversos entre as algas, destacam-se três ciclos. O primeiro deles é chamado ciclo haplobionte, no qual só há a participação de indivíduos haploides (n).  Cada um deles gera, por meio da mitose, dois organismos unicelulares chamados gametas, que se fundem na fecundação e geram o zigoto. O zigoto é uma célula diploide (2n) que, por sua vez, passará por meiose originando quatro novos indivíduos haploides. Estes poderão reproduzir-se assexuadamente ou repetir o ciclo sexuado.

 

  • No ciclo diplobionte participam apenas indivíduos diploides (2n). Estes, por meio de meiose, geram gametas (n) que se unem dois a dois, na fecundação, originando um zigoto (2n) que sofrerá mitose, gerando dois novos indivíduos.

 

  • A maioria das algas multicelulares apresenta alternância de gerações, isto é, em seu ciclo de vida alternam-se gerações de indivíduos haploides e de indivíduos diploides. Uma fase da reprodução ainda é sexuada e a oura assexuada. Células do indivíduo diploide adulto passam por meiose, originando células haploides chamadas esporos. Um esporo germina ao encontrar condições adequadas, dividindo-se sucessivamente por mitose e originando um talo haploide. Este, quando adulto, produz pares de gametas que se unem na fecundação gerando o zigoto  que se desenvolve fechando o ciclo.

 

Protozoários

 

  • É um grupo de organismos unicelulares heterotróficos que vivem em água doce ou salgada, em ambientes úmidos ou mesmo no interior do corpo de animais causando-lhe doenças.  O equilíbrio hídrico dos protozoários de água doce é feito com vacúolos contráteis ou pulsáteis, que eliminam o excesso de água que entra por osmose. Podem ser aeróbicos ou anaeróbicos.
  • Os protozoários são classificados de acordo com a estrutura de locomoção.

 

Os sarcodinos possuem pseudópodes como estrutura de locomoção. O formato dos pseudópodes e a presença de carapaça entram na divisão do grupo:

 

Foraminíferos: pseudópodes finos e eretos que se ramificam formando um emaranhado usado na captura de alimento; carapaça de carbonato de cálcio; são marinhos.

Radiolários: pseudópodes finos; endoesqueleto silicoso de formato variado; maioria marinha.

Heliozários: pseudópodes finos e eretos; maioria de água doce.

 

  • O principal parasita do grupo é a Entamoela Histolytica, que ataca o intestino humano causando a desenteria amebiana (amebíase). A contaminação dá-se pela ingestão de água e alimentos contaminados com cistos. Os sintomas são, principalmente, diarreia e dores abdominais. A prevenção é o saneamento básico, a higiene pessoal e alimentar e o tratamento dos doentes.

 

Os ciliados possuem cílios como estrutura de locomoção. O alimento é transportado pelos cílios até o sulco oral, que termina em uma abertura chamada citóstoma (boca). O citopígio é um ponto de eliminação de resíduos. Também estão presentes os vacúolos contráteis, além de dois núcleos: o macronúcleo com função vegetativa e o micronúcleo, com função reprodutiva.

 

  • O principal parasita do grupo é o Balantidium Coli, causador da balantidiose, doença que ataca o intestino. A contaminação se dá pela ingestão de água e alimentos contaminados com cistos. As medidas preventivas são as mesmas a amebíase.

 

Os flagelados – ou mastigóforos – possuem flagelos como estrutura de locomoção. Alguns indivíduos desse grupo possuem uma mitocôndria gigante, com a porção próxima ao flagelo rica em material genético. Esta estrutura é denominada cinetoplasto.

 

  • O Trichomonas Vaginalis causa a tricomoníase, que ataca o aparelho reprodutor, sendo assintomática no homem. Na mulher provoca vermelhidão, prurido e corrimento com mal cheiro. A contaminação se dá por relações sexuais sem preservativo, toalhas úmidas e roupas íntimas. A prevenção é o uso de preservativos e a higiene pessoal.
  • O Giardia Lamblia causa a giardíase, que ataca o intestino. A contaminação se dá com a ingestão de água e alimentos contaminados com cistos. A prevenção é o saneamento básico, a higiene pessoal e alimentar e o tratamento dos doentes.
  • O Leishmania Donovani causa a leishmaniose ou calazar, doença que ataca as vísceras. A contaminação ocorre através da picada da fêmea do mosquito do gênero Phlebotomus, geralmente os cães são os reservatórios naturais do parasita. A prevenção é a eliminação do mosquito transmissor, a fiscalização de zoonoses em cães e o tratamento dos doentes.
  • O Leishmania Brasiliensis causa a úlcera de Bauri, que ataca os tecidos corporais. A contaminação e prevenção são iguais às da leishmaníase visceral.
  • O Trypanossoma Cruzi é o causador da doença de chagas, transmitida pelas fezes do inseto barbeiro contaminado através de mucosas ou lesões na pele. Ataca o fígado e principalmente o coração, causando hipermegalia (aumento do tamanho do coração). Também pode ser transmitida por transfusão sanguínea, ingestão das formas infectantes ou congênita.
  • O Trychoninpha é um protozoário simbionte de cupins e baratas. Ele vive no intestino desses animais digerindo celulose por uma relação mutualística, da qual ambos saem beneficiados.

 

Os sporozoários não possuem estrutura de locomoção.

 

  • O principal parasita do grupo é o Plasmodium SP, causador da malária. Ele ataca as hemácias, onde se reproduzem causando sua destruição, o que provoca a febre. Como cada espécie do gênero tem um intervalo de tempo entre uma reprodução e outra, conseguimos identificar a causadora sabendo que o Plasmodium Vivax causa febre terça benígma, o Plasmodium Falciparum causa febre terça malígna e o Plasmodium Malarie, febre quarta. A transmissão é feita pela picada da fêmea do mosquito Anopheles.
  • Outro parasita do grupo é o Toxoplasma Gondi, causador da toxoplasmose. A doença ataca as células sanguíneas e o sistema nervoso, podendo atingir a visão e causar cegueira. A transmissão se dá pela ingestão de cistos eliminados pelas fezes de gato, ou ainda, por transfusões sanguíneas e de forma congênita.

 

·         Reprodução dos Protozoários

 

  • A maioria dos protozoários reproduz-se assexuadamente por divisão binária. A célula cresce até determinado tamanho e divide-se ao meio, originando dois novos indivíduos.
  • Nos processos sexuais, em linhas gerais, dois indivíduos de “sexos” diferentes fundem-se e formam um zigoto, que posteriormente passa por meiose e origina indivíduos haploides geneticamente recombinados.
  • A conjugação é considerada um tipo de reprodução assexuada, apesar de não resultar diretamente em aumento do número de indivíduos. Nesse processo, dois indivíduos sexualmente compatíveis aproximam-se e estabelecem entre si uma ponte citoplasmática. Em cada um deles o micronúcleo divide-se por meiose, originando quatro núcleos haploides, dos quais três degeneram. O micronúcleo restante duplica-se e um deles é transferido ao parceiro por ponte citoplasmática. Após a troca de micronúcleos, os conjugantes se separam.  Em cada um dos dois os micronúcleos fundem-se restabelecendo a condição diploide, e o macronúcleo degenera. Restam dois micronúcleos e um deles se transforma em macronúcleo. Agora, com novas combinações genéticas, passam a multiplicar-se por divisão binária.

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Literatura - Romantismo no Brasil: A Prosa

16/05/2012 23:11

 

  • Tanto na Europa quanto no Brasil, o romance surgiu sob a forma de folhetim, publicação diária, em jornais, de capítulos de determinada obra literária. Esse procedimento, ao mesmo tempo em que formava um público leitor de literatura, ampliava o número de leitores de jornais diários. Para garantir que o leitor comprasse o jornal no dia seguinte e lesse mais um capítulo do romance, os autores interrompiam a narração no momento culminante de uma cena, técnica explorada até hoje nas telenovelas.
  • Nas décadas que sucederam a independência do Brasil, os romancistas empenharam-se no projeto de construção de uma cultura brasileira autônoma, o que exigia o reconhecimento da identidade de nossa gente, nossa língua, nossas tradições e também das nossas diferenças regionais e culturais.

 

·         O Romance Indianista

 

  • O Romantismo brasileiro encontrou no índio uma autêntica expressão de nacionalidade, já que a figura do branco estava associada ao colonizador europeu e a do negro, ao escravo africano. A existência de uma tradição literária indianista do período colonial introduzida pela formação catequética, a influência da teoria do bom selvagem, de Rousseau, e a adaptação que os escritores brasileiros românticos fizeram da figura idealizada do herói medieval – que passou a ser o índio –, foram fatores que contribuíram para a implantação do indianismo em nossa cultura.
  • José de Alencar foi o principal romancista brasileiro. Escreveu romances indianistas, históricos, urbanos e regionalistas. A produção diversificada de Alencar estava voltada ao projeto de construção da cultura brasileira, no qual o romance indianista, buscando um tema nacional e uma língua mais brasileira, ganhou papel de destaque.
  • As principais prosas de José de Alencar são: “O Guarani”, “Iracema” e “Ubirajara”. Nas três obras o ambiente é sempre a selva, porém com algumas diferenças: em “O Guarani”, o índio vive próximo aos brancos; em “Iracema”, o branco é que vive entre os índios; “Ubirajara” é o único romance que trata apenas da vida entre os índios.

 

·         O Romance Regional

 

  • O Romance regional buscou compreender e valorizar as características étnicas, linguísticas, sociais e culturais que marcam as regiões do país e diferenciam umas das outras.
  • Os espaços nacionais que despertaram maior interesse entre os escritores foram o das capitais, normalmente situadas no litoral, e o das regiões Sul, Nordeste e Cetro-Oeste. O espaço das capitais é descrito pelo romance urbano, enquanto os demais são retratados pelo romance regional.
  • Em suas andanças por Mato Grosso, Visconde de Taunay colheu experiências para compor suas obras. Ressalta-se nelas a capacidade do escritor de reproduzir com precisão aspectos visuais da paisagem sertaneja, especialmente da fauna e da flora da região.
  • Foi autor de romances como “Inocência”, sua obra-prima. Sua qualidade resulta do equilíbrio alcançado na contraposição de vários aspectos: ficção e realidade, valores românticos e valores da realidade bruta do sertão, linguagem culta e linguagem regional. Trata-se basicamente de uma história de amor impossível.

·         O Romance Urbano

 

  • O romance romântico, em vez de tratar de temas antigos, relacionados aos gregos e aos romanos, retratava o dia a dia do leitor, pondo em discussão certos problemas e valores vividos pelo próprio público nas cidades. Entre os romances urbanos se destacam “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo, “Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel Antônio de Almeida, e “Lucíola” e “Senhora”, de José de Alencar.
  • Em “A Moreninha”, Macedo utilizou de ingredientes que satisfizeram o gosto do leitor da época, de modo geral são a comicidade, o namoro difícil ou impossível, a dúvida entre o dever e o desejo, a revelação surpreendente de uma identidade, as brincadeiras de estudantes e uma linguagem mais inclinada para o tom coloquial.
  • “Memórias de um sargento de milícias” difere da maioria dos romances românticos, pois apresenta uma série de procedimentos que fogem ao padrão da prosa romântica vigente. São eles: o protagonista não é herói nem vilão, mas um malandro simpático que leva uma vida de pessoa comum; não há idealização da mulher, da natureza ou do amor, sendo reais as situações retratadas; a linguagem aproxima-se da jornalística, deixando de lado a excessiva metaforização que caracteriza a prosa romântica.
  • Além de ter se dedicado ao romance indianista e ao romance regional, José de Alencar foi também um de nossos melhores romancistas urbanos. Suas obras além de conter intrigas amorosas, chantagens, amores impossíveis e peripécias, conseguem analisar com profundidade certos temas delicados daquele contexto social. Em “Senhora” são abordados os temas de casamento por interesse, da independência feminina e da ascensão social a qualquer preço. Em “Lucíola” se discute a prostituição nas altas camadas sociais e, como em “Senhora”, a oposição entre o amor e o dinheiro.

 

·         A Prosa Gótica

 

  • A pouca repercussão dessa literatura à época do Romantismo deve-se à qualificação de marginal ou maldita que lhe foi atribuída. O sonho, a loucura, o vício, o sexo desenfreado, o macabro e formas de transgressão variadas povoam o universo gótico, que valoriza as zonas escuras e antilógicas do subconsciente, onde se fundem instintos de vida e morte, libido e terror.
  • “Noite na taverna” pode ser considerada uma obra de contos escrita por Álvares de Azevedo. As histórias narradas são todas fantásticas e envolvem acontecimentos trágicos, amor e morte, vícios e crimes, e todos os narradores demonstram um forte pessimismo diante da vida. Os temas predominantes nessas narrativas são a violência física e sexual, adultérios, assassinatos, incestos, necrofilia, antropofagia, corrupção.

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Literatura - Romantismo no Brasil: A Poesia

16/05/2012 20:38

 

  • Com a independência política do Brasil, os intelectuais e artistas da época passaram a dedicar-se ao projeto de criar uma cultura brasileira identificada com as raízes históricas, linguísticas e culturais do país.
  • O Romantismo assumiu o papel de rejeição à literatura produzida na época colonial, em virtude do apego dessa produção aos modelos culturais portugueses. Portanto, um dos traços essenciais do nosso Romantismo é o nacionalismo.

 

·         Primeira Geração: A Busca do Nacional

 

  • Gonçalves Dias, buscando captar a sensibilidade e os sentimentos do nosso povo, criou uma poesia voltada para o índio e para a natureza brasileira, expressa numa linguagem simples e acessível. Seus versos são melódicos e exploram métricas e ritmos variados. Cultivou também poemas religiosos que falam da manifestação de Deus na natureza.
  • Na produção épica de Gonçalves Dias destaca-se o poema “I-Juca-Pirama”, que narra a história vivida por um índio tupi que cai prisioneiro de uma nação inimiga: os timbiras. O drama do prisioneiro reside nos sentimentos contraditórios provocados por sua prisão: de um lado, deseja morrer lutando, como guerreiro corajoso que sempre fora; de outro, deseja viver para cuidar do pai, doente e cego.
  • O prisioneiro é libertado e afirma que voltará a se entregar quando o pai vier a falecer, Os timbiras não acreditam em seu argumento e acusam-no de covarde. Posteriormente o índio reencontra o pai, leva-lhe alimento, mas o velho, percebendo o cheiro das tintas e os ornamentos do ritual, descobre-lhe o segredo. Renega então o filho, leva-o de volta à tribo timbira e pede que ele seja sacrificado, amaldiçoando-o. Em seguida, o índio luta bravamente, provando que não era covarde. No último canto são afirmadas as qualidade heroicas do guerreio, que se transforma em mito nas tradições da cultura timbira. O título do poema, extraído da língua tupi, já sugere a sina de seu protagonista: “o que há de ser morto”.
  • O herói do poema representa todos os índios brasileiros ou, ainda, todos os brasileiros. Além disso, ao enfocar e pôr em discussão valores e sentimentos humanos profundos, o poema supera os limites da abordagem puramente indianista e ganha universalidade.

 

·         Segunda Geração: O Ultrarromantismo

 

  • No plano literário essa geração caracterizava-se por uma onda de pessimismo doentio que se traduzia no apego a certos valores decadentes, como a bebida e o vício, na atração pela noite e pela morte. No caso de Álvares de Azevedo, o principal poeta do grupo, esses traços ainda foram acrescidos de temas macabros e satânicos.
  • Os ultrarromânticos desprezaram certos temas e posturas da primeira geração, como o nacionalismo e o indianismo; contudo, acentuaram traços como o subjetivismo, o egocentrismo e o sentimentalismo.
  • Quanto ao amor, as obras dos ultrarromânticos apresentam uma visão dualista, que envolve atração e medo, desejo e culpa. O ideal feminino é normalmente associado a figuras incorpóreas ou assexuadas, como anjo, criança, virgem, etc., e as referências ao amor físico se dão apenas de modo indireto, sugestivo ou superficialmente.
  • A característica intrigante da obra de Álvares de Azevedo reside na articulação consciente de um projeto literário baseado na contradição, perfeitamente enquadrada nos dualismos que caracterizam a linguagem romântica.

 

·         Terceira Geração: A Poesia Condoreira

 

  • Os condoreiros, comprometidos com a causa abolicionista e republicana, desenvolveram a poesia social. Seus poemas, em geral apresentando tom grandiloquente, tinham como finalidade convencer o leitor-ouvinte e conquista-lo para a causa defendida. O centro de preocupação da linguagem desloca-se do eu para o assunto, o que representa uma mudança profunda, considerando que o Romantismo é por natureza egocêntrico.
  • O nome condoreirismo associa-se ao condor - ave de voo alto e solitário e capaz de enxergar a grande distância - tomando-o como símbolo dessa geração de poetas com preocupações sociais.
  • A obra de Castro Alves representa um momento de maturidade e de transição em relação a certas atitudes ingênuas de gerações anteriores, como a idealização amorosa e o nacionalismo ufanista, substituídos por posturas mais críticas, objetivas e realistas.
  • Embora a lírica amorosa de Castro Alves ainda contenha um ou outro vestígio do amor platônico e da idealização da mulher, de modo geral ela representa o abandono do amor convencional e abstrato dos clássicos e do amor de medo e culpa dos românticos. Em vez de “virgem pálida”, a mulher é um ser corporificado que participa ativamente do envolvimento amoroso. O amor é uma experiência viável, concreta, capaz de trazer tanto a felicidade e o prazer como a dor.
  •  Na poesia social, Castro Alves soube conciliar a ideia de reforma social com os procedimentos específicos da poesia, sem permitir que sua obra fosse um mero panfleto político – grande risco quando se tem o compromisso de interferir politicamente no processo social. Retrata a escravidão dos negros, a opressão e a ignorância do povo brasileiro. Utiliza linguagem grandiosa, com gosto acentuado pelas hipérboles e por espaços amplos.
  • Se compararmos Álvares de Azevedo – principal poeta da segunda geração – a Castro Alves, percebemos que o primeiro, ao tratar do desequilíbrio entre o eu e o mundo, revela um desejo latente de transformação da realidade, com a qual não consegue integrar-se, enquanto o segundo mostra uma tomada de posição, em que se há consciência dos problemas humanos e a busca de fórmulas para solucioná-los. 

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Literatura - Romantismo: A Arte da Burguesia

16/05/2012 20:30

 

  • O homem romântico do século XIX originou-se da sociedade burguesa que pôs fim ao Antigo Regime, sonha com ideias de igualdade e justiça social e apresenta traços individualistas ou narcisistas.
  • Cabia ao Romantismo a tarefa de criar uma linguagem nova, identificada com os padrões mais simples de vida da classe média e da burguesia. Assim, a arte romântica dá início a uma nova etapa na literatura, voltada aos assuntos contemporâneos – efervescência social e política, esperança e paixão, luta e revolução – e ao cotidiano do homem burguês do século XIX.

 

  • Algumas características do Romantismo:

·                    Predomínio da emoção;

·                    Subjetivismo;

·                    Nacionalismo;

·                    Maior liberdade formal;

·                    Vocabulário e sintaxe mais brasileiros;

·                    Gosto pelas redondilhas;

·                    Valorização da cultura popular;

·                    Natureza mais real, que interage com o eu lírico;

·                    Sentimentalismo, estados de alma tristes e melancólicos.

 

·         Contexto Histórico

 

  • Economicamente, a Europa presenciava a euforia e as consequências da Revolução Industrial na Inglaterra. Social e politicamente, tendo a burguesia alcançado o poder na França, com a Revolução Francesa, iniciava-se a luta pela solidificação do poder, liderada por Napoleão Bonaparte, e de combate ao movimento contrarrevolucionário e conservador conduzido pelas principais monarquias europeias, as da Áustria, Rússia e Prússia.
  • O Iluminismo impulsionava a burguesia e o povo, com propostas de um governo democrático, eleito pelo povo, de igualdade e justiça social, de direitos humanos e liberdade.
  • Se os românticos se rebelaram contra as rígidas normas da tradição clássica, naturalmente não estavam dispostos a seguir regras. O que os une são certos princípios gerais, como liberdade de expressão e anticonvencionalismo. Dessa forma, é natural que existam no interior do movimento romântico várias tendências e grupos de artistas diferentes, que as vezes chegam até a ser contraditórios entre si.
  • Na arte romântica nota-se igualmente uma forte valorização do indivíduo: na prosa, destaca-se a figura idealizada do herói romântico, cujas qualidades são incomparáveis; na poesia, o eu lírico volta-se para si mesmo, buscando retratar com profundidade seu mundo interior e suas dificuldades em relacionar-se com o mundo externo.
  • A Revolução Industrial e a solidificação do capitalismo produziram no homem do século XIX a sensação de alienação, de perda do todo. O interesse dos românticos pela natureza, pela Idade Média e por outras culturas distantes podem ter a razão de verem nelas uma forma de vida mais integrada do que a oferecida pela sociedade industrial.
  • Os jovens europeus não viram cumpridas as promessas da Revolução Francesa, baseadas nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Alguns caíram numa forte onda de pessimismo e tédio, desacreditados da política e das lutas sociais. Esse grupo que corresponde à segunda geração romântica do Brasil tem uma postura de fuga da realidade, manifestada através da fuga para o passado, para o futuro, para a natureza, para o sonho ou para a loucura, para o interior do próprio eu, para a morte. Surgiu também uma corrente social e política, que visava promover novas mudanças na sociedade, formada pelos condoreiros, a fim de que a humanidade alcançasse finalmente a liberdade e a justiça social.
  • No romantismo brasileiro, a América, com sua natureza exuberante e selvagem, pode ser considerada um continente primitivo e inocente. E o índio brasileiro, idealizado, foi identificado com o “bom selvagem” de Rousseou, que em sua teoria defendia que o homem é primitivamente puro, mas se perverte no convívio com a sociedade. 

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