Literatura - Romantismo no Brasil: A Prosa

16/05/2012 23:11

 

  • Tanto na Europa quanto no Brasil, o romance surgiu sob a forma de folhetim, publicação diária, em jornais, de capítulos de determinada obra literária. Esse procedimento, ao mesmo tempo em que formava um público leitor de literatura, ampliava o número de leitores de jornais diários. Para garantir que o leitor comprasse o jornal no dia seguinte e lesse mais um capítulo do romance, os autores interrompiam a narração no momento culminante de uma cena, técnica explorada até hoje nas telenovelas.
  • Nas décadas que sucederam a independência do Brasil, os romancistas empenharam-se no projeto de construção de uma cultura brasileira autônoma, o que exigia o reconhecimento da identidade de nossa gente, nossa língua, nossas tradições e também das nossas diferenças regionais e culturais.

 

·         O Romance Indianista

 

  • O Romantismo brasileiro encontrou no índio uma autêntica expressão de nacionalidade, já que a figura do branco estava associada ao colonizador europeu e a do negro, ao escravo africano. A existência de uma tradição literária indianista do período colonial introduzida pela formação catequética, a influência da teoria do bom selvagem, de Rousseau, e a adaptação que os escritores brasileiros românticos fizeram da figura idealizada do herói medieval – que passou a ser o índio –, foram fatores que contribuíram para a implantação do indianismo em nossa cultura.
  • José de Alencar foi o principal romancista brasileiro. Escreveu romances indianistas, históricos, urbanos e regionalistas. A produção diversificada de Alencar estava voltada ao projeto de construção da cultura brasileira, no qual o romance indianista, buscando um tema nacional e uma língua mais brasileira, ganhou papel de destaque.
  • As principais prosas de José de Alencar são: “O Guarani”, “Iracema” e “Ubirajara”. Nas três obras o ambiente é sempre a selva, porém com algumas diferenças: em “O Guarani”, o índio vive próximo aos brancos; em “Iracema”, o branco é que vive entre os índios; “Ubirajara” é o único romance que trata apenas da vida entre os índios.

 

·         O Romance Regional

 

  • O Romance regional buscou compreender e valorizar as características étnicas, linguísticas, sociais e culturais que marcam as regiões do país e diferenciam umas das outras.
  • Os espaços nacionais que despertaram maior interesse entre os escritores foram o das capitais, normalmente situadas no litoral, e o das regiões Sul, Nordeste e Cetro-Oeste. O espaço das capitais é descrito pelo romance urbano, enquanto os demais são retratados pelo romance regional.
  • Em suas andanças por Mato Grosso, Visconde de Taunay colheu experiências para compor suas obras. Ressalta-se nelas a capacidade do escritor de reproduzir com precisão aspectos visuais da paisagem sertaneja, especialmente da fauna e da flora da região.
  • Foi autor de romances como “Inocência”, sua obra-prima. Sua qualidade resulta do equilíbrio alcançado na contraposição de vários aspectos: ficção e realidade, valores românticos e valores da realidade bruta do sertão, linguagem culta e linguagem regional. Trata-se basicamente de uma história de amor impossível.

·         O Romance Urbano

 

  • O romance romântico, em vez de tratar de temas antigos, relacionados aos gregos e aos romanos, retratava o dia a dia do leitor, pondo em discussão certos problemas e valores vividos pelo próprio público nas cidades. Entre os romances urbanos se destacam “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo, “Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel Antônio de Almeida, e “Lucíola” e “Senhora”, de José de Alencar.
  • Em “A Moreninha”, Macedo utilizou de ingredientes que satisfizeram o gosto do leitor da época, de modo geral são a comicidade, o namoro difícil ou impossível, a dúvida entre o dever e o desejo, a revelação surpreendente de uma identidade, as brincadeiras de estudantes e uma linguagem mais inclinada para o tom coloquial.
  • “Memórias de um sargento de milícias” difere da maioria dos romances românticos, pois apresenta uma série de procedimentos que fogem ao padrão da prosa romântica vigente. São eles: o protagonista não é herói nem vilão, mas um malandro simpático que leva uma vida de pessoa comum; não há idealização da mulher, da natureza ou do amor, sendo reais as situações retratadas; a linguagem aproxima-se da jornalística, deixando de lado a excessiva metaforização que caracteriza a prosa romântica.
  • Além de ter se dedicado ao romance indianista e ao romance regional, José de Alencar foi também um de nossos melhores romancistas urbanos. Suas obras além de conter intrigas amorosas, chantagens, amores impossíveis e peripécias, conseguem analisar com profundidade certos temas delicados daquele contexto social. Em “Senhora” são abordados os temas de casamento por interesse, da independência feminina e da ascensão social a qualquer preço. Em “Lucíola” se discute a prostituição nas altas camadas sociais e, como em “Senhora”, a oposição entre o amor e o dinheiro.

 

·         A Prosa Gótica

 

  • A pouca repercussão dessa literatura à época do Romantismo deve-se à qualificação de marginal ou maldita que lhe foi atribuída. O sonho, a loucura, o vício, o sexo desenfreado, o macabro e formas de transgressão variadas povoam o universo gótico, que valoriza as zonas escuras e antilógicas do subconsciente, onde se fundem instintos de vida e morte, libido e terror.
  • “Noite na taverna” pode ser considerada uma obra de contos escrita por Álvares de Azevedo. As histórias narradas são todas fantásticas e envolvem acontecimentos trágicos, amor e morte, vícios e crimes, e todos os narradores demonstram um forte pessimismo diante da vida. Os temas predominantes nessas narrativas são a violência física e sexual, adultérios, assassinatos, incestos, necrofilia, antropofagia, corrupção.

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