História - As Independências na América Espanhola

20/05/2012 11:21

 

·         Contexto

 

  • Na passagem do século XVIII para o XIX, com o declínio do Antigo Regime, o liberalismo político e econômico forneceu a base ideológica para a superação dos entraves ao processo capitalista. Enquanto os Estado Unidos lutavam por sua independência, as metrópoles ibéricas continuavam envolvidas com as práticas mercantilistas e colonialistas, que dificultavam o livre-comércio e o desenvolvimento manufatureiro.
  • Na Espanha, o reinado de Carlos III foi um exemplo de despotismo esclarecido, assumindo medidas para modernizar a administração e fortalecer o controle fiscal. O resultado foi um aumento do custo de vida nas colônias, gerando crescente insatisfação contra a metrópole.
  • Os criollos, espanhóis nascidos na América, que detinham o poder local e faziam parte da elite, desejavam romper com a metrópole monopolista, que lhes dificultava as transações mercantis, e obter maior poder político na colônia. Para a Inglaterra, também interessava a independência das colônias, uma vez que eliminaria as barreiras monopolistas comerciais e ativaria novos mercados, indispensáveis ao seu progresso industrial. 
  • Os chapetones, grupo minoritário na América espanhola, composto de espanhóis nascidos na metrópole, ocupavam os mais altos cargos da administração colonial, vivendo em permanente confronto com a elite local – e desejavam a manutenção das relações metrópole-colônia. Os criollos, que se guiavam pelos ideais iluministas liberais e pelo exemplo norte-americano, eram partidários do livre comércio e da luta pela independência, embora não cogitassem mudanças na estrutura socioeconômica.
  • As camadas populares lutavam por conquistas sociais como igualdade, terra para plantio e melhores condições de trabalho.
  • Eclodiram diversas rebeliões locais organizadas, principalmente, por criollos. As revoltas revelaram o esgotamento do sistema colonial, no entanto, não tomaram o caráter de uma luta pela independência, apenas reivindicavam, por exemplo, certas tributações excessivas.
  • A pesada rotina de trabalho dos índios, escravos e mestiços também contribuiu para o processo de independência. As péssimas condições de trabalho e a situação de miséria já tinham, antes do processo definitivo de independência, mobilizado setores populares das colônias hispânicas. Um exemplo dessa insatisfação pode ser observado durante a Rebelião de Túpac Amaru, no Peru.
  • O enfraquecimento da Metrópole espanhola, com a invasão de Napoleão Bonaparte, estimulou o movimento autonomista liderado pelos criollos. Estes se organizaram em cabildos (câmaras municipais) e depuseram as autoridades metropolitanas, assumindo a administração das colônias por meio de juntas governativas, que em várias cidades passaram a defender a ideia de ruptura definitiva com a metrópole.
  • Os centros urbanos na América transformaram-se em difusores dos ideais separatistas, contando com o apoio da Inglaterra e a adesão de parte da população.
  • Com a restauração da dinastia de Bourbon na Espanha, a Inglaterra aliou-se aos espanhóis na luta contra Napoleão. Isso permitiu que a Espanha reorganizasse a repressão aos movimentos separatistas. Sem ajuda inglesa, as rebeliões foram derrotadas.
  • Surge a revolução que libertaria a maioria dos países latino-americanos, tendo com líderes Simón Bolívar e José de San Martín, que percorreram quase toda a América Latina, com o apoio efetivo da Inglaterra e dos EUA. Os rebeldes foram favorecidos pela situação interna da Espanha, que enfrentou dificuldades em enviar tropas contrarrevolucionárias à América com a eclosão da Revolução Liberal, depois que os exércitos de Napoleão Bonaparte foram expulsos.
  • Bolivar partiu do norte do território americano defendendo os ideais da elite criolla – América do Sul livre, unida e republicana –. San Martín parte do sul (“Movimento Sulista”) e embora com os mesmos ideais de independência, era a favor da monarquia constitucional. Quando os movimentos se encontram, ambos passam a defender os ideais republicanos.

 

·         As Guerras de Independência

 

  • Em 1810, ocorreu a primeira tentativa de emancipação política no México, que se distinguiu das demais por ter sido uma iniciativa das massas populares e por seu caráter predominantemente rural.  Propunham o fim da escravidão e a igualdade de direitos, opondo-se aos propósitos da elite criolla e dos chapetones, que juntos controlavam a maior parte das terras rurais.
  • Augustín Itúrbide foi enviado pela coroa espanhola para controlar o movimento. De forma oportunista, aliou-se ao líder formulando o Plano de Iguala, que proclamava a independência do México, a igualdade de direitos entre criollos e chapetones, a supremacia da religião católica, o respeito à propriedade privada e um governo monárquico. O projeto de independência atendeu aos interesses das elites, excluindo mestiços e indígenas. Itúrbide proclamou-se imperador, mas logo foi deposto num levante republicano.
  • A América Central conquista sua independência em relação ao México no ano de 1824, formando as Províncias Unidas da América Central. Com a pressão dos Estados Unidos e da Inglaterra, para os quais não é favorável a formação de um país forte, ocorre a fragmentação.
  • No Congresso do Panamá, Bolívar tentou concretizar seu ideal de unidade política, defendendo alianças entre os Estados hispanos-americanos, a criação de uma força militar comum e a abolição da escravidão, pois acreditava que só um Estado forte poderia enfrentar a influência da Inglaterra e dos EUA. No entanto, encontrou oposição dos ingleses e norte-americanos e das próprias oligarquias locais e seus dirigentes, que simplesmente não queriam abrir mão do poder.
  • Chefes politico-militares locais, chamados de caudilhos, passaram a disputar o poder de suas respectivas regiões. Conquistavam os comandados com carisma, personalidade e autoridade. A divisão de poderes criou um quadro de dificuldades para a consolidação dos novos Estados nacionais, que enfrentaram desunião e instabilidade.
  • Embora tivessem obtido a liberdade política, os novos Estados latinos assumiram a dependência econômica do mundo capitalista, fornecendo matérias-primas e consumindo manufaturados ingleses.

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